09/03/14 at 16:37
Eu posso dizer, com todas as certezas que o mundo oferece, que não sou uma pessoa impulsiva. Se calhar até sou daquelas pessoas que pensa demais. Penso naquilo que vou comer, penso naquilo que vou vestir, penso com que pessoas é que devo sair e qual o melhor filme para ver num sábado à tarde ou num domingo à noite. Penso no tempo, até ao segundo, que posso passar com esta ou aquela pessoa até a hora do adeus, Até penso em qual o melhor corte de cabelo para mim semanas antes de ir ao cabeleireiro.

Quando pensei em começar um novo hobby, a ideia pareceu-me assustadora. Afinal de contas, nunca tinha tido um. Nunca tinha feito nada por prazer para me preencher nas horas vagas, nunca tinha sido encorajada a participar nesta ou naquela actividade, e nenhuma das escolas onde eu andei tinha clubes ou actividades extracurriculares (uma seca, eu sei). Que sabia eu disso? Que poderia eu fazer? Não sei desenhar ao ponto de me distinguir nessa área, nem motivação ou finanças que me permitissem estudar a arte do desenho ou da pintura. Nesse aspecto sempre assumi que há pessoas naturalmente atraídas pelo desenho ou pinturas e eu não era uma delas, pelo menos não a esse ponto, ou teria pensado em seguir artes no ensino superior. Não, teria de ser outra coisa diferente…

No entanto, sempre fui muito criativa. Estou quase sempre a cogitar projectos manuais para fazer, ou a ver o que outras pessoas conseguem inventar, até sigo alguns blogs dedicados a isso. Nesse aspecto o dinheiro não seria um problema: sou exímia a descobrir usos para objectos do dia-a-dia! Mas, isso é algo que consume algum tempo seguido, por exemplo horas ou dias, e o meu tempo está muto compartimentado com as lidas da casa, o emprego, o estudo e o tempo para namorar (que me recuso a descurar em detrimento de um hobby). Sim, ainda faço trabalhos manuais, mas não o suficiente para me distinguir nem para me encher as medidas.

Foi por acaso, muito por acaso e muito aos pouquinhos que me lembrei da fotografia. Sempre admirei a capacidade milagrosa dos fotógrafos de conseguirem tornar uma paisagem ou um retrato em algo mágico, quase como tirado de um conto de fadas. Passava horas e horas a ver fotografias na internet e a pensar em como, mas como é que era possível haver fotografias tão bonitas e cheias de cores tiradas por tanta gente. Foi aí que pensei, mas então, se tanta gente tira fotografias tão engraçadas, o que me está a impedir a mim de tirar algumas também?


Nada. Nada me estava a impedir. Absolutamente nada. Foi aí que pesquisei sobre o assunto, e decidi começar pela lomografia, a arte de fotografia analógica. Afinal de contas, cresci rodeada de máquinas fotográficas analógicas. Os meus pais tinham uma, os meus avós tinham uma, e eu sempre tirei fotografias com elas, mexia-lhes, tentava descobrir coisas que nem sabia eram importantes (tipo ângulos, luz, saturação, coisas com nomes demasiado complicados para uma criança pronunciar mas que me fascinavam imenso).

Ainda não me posso chamar fotógrafa (nem pensar!) nem sei se quero, mas sempre que pego na minha companheirinha cúbica e lhe dou uso sinto em mim algo a completar-se, como se realmente tivesse encontrado algo que me dá gozo. E dá, dá muito. Quando posso vou a workshops, experimento outras máquinas, aprendo coisas novas sobre o mundo da fotografia e vou também aprendendo em casa (quer seja lendo na internet, vendo fotografias ou experimentando sozinha).

Descobri que a fotografia me faz feliz. Faz-me querer aprender tudo sobre o que diferentes máquinas me podem oferecer, descobrir novos modelos e musas, brincar com momentos, paisagens, edifícios e a natureza. Posso não tirar fotografias todos os dias, mas quando tiro sinto-me viva. Acho que sim, encontrei aquilo que gosto mesmo de fazer, encontrei algo que me preenche a alma. Afinal de contas, que somos nós sem algo que nos faça feliz?

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